SUS no Nordeste: Por Que a Saúde Ainda Não Chega Para Todos?

SUS: Por que a Saúde Pública não é Igual para Todos no Brasil?

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado com a missão de oferecer atendimento universal e igualitário à população brasileira, independentemente de renda ou região. Contudo, a realidade mostra que o sistema opera de forma desigual em diferentes partes do país. A desigualdade regional é um reflexo direto de problemas estruturais e históricos que impactam profundamente a vida de milhões de brasileiros. A TV Saúde compartilhou sobre isso aqui

Um exemplo emblemático é o caso de um contribuinte em Caruaru, Pernambuco. Em 2022, ele procurou uma unidade de saúde próxima de sua residência com uma queixa que necessitava de acompanhamento especializado. Após uma consulta inicial, foi solicitado encaminhamento para um otorrinolaringologista. Dois anos depois, esse atendimento nunca foi marcado. Sem opções, ele decidiu buscar ajuda em São Paulo. Lá, em menos de três meses, foi submetido a tomografias, diagnosticado com linfoma na garganta, operado e atualmente segue em monitoramento, sem nenhum custo adicional.

Esse caso não é isolado. Ele revela o abismo que separa o acesso à saúde pública em regiões menos favorecidas em comparação a grandes centros urbanos. Enquanto em cidades como São Paulo existem melhores condições estruturais, equipamentos modernos e maior disponibilidade de profissionais especializados, em muitas regiões do interior do Brasil faltam médicos, medicamentos e equipamentos básicos.

As Raízes do Problema

A desigualdade regional no SUS é fruto de uma combinação de fatores, incluindo:

• Descentralização administrativa: A gestão do SUS é compartilhada entre União, estados e municípios, o que pode resultar em disparidades significativas, dependendo da capacidade financeira e organizacional de cada localidade.

• Distribuição desigual de recursos: Regiões mais desenvolvidas recebem maior quantidade de investimentos, enquanto áreas mais pobres enfrentam orçamentos reduzidos.

• Falta de planejamento integrado: Não há uma rede eficiente de referências entre municípios e estados, o que deixa muitos pacientes sem acesso a exames e tratamentos mais complexos.

Impactos na Saúde da População

A consequência mais grave dessa desigualdade é o atraso no diagnóstico e tratamento de doenças graves, como no caso do linfoma mencionado. Enquanto algumas regiões conseguem agilizar exames e cirurgias, outras deixam seus pacientes à mercê da sorte. Isso aumenta os índices de mortalidade, especialmente entre as populações mais vulneráveis.

Além disso, a falta de acesso a especialidades e exames cria um ciclo de agravamento da saúde, sobrecarregando as unidades de atendimento primário e emergencial.

Possíveis Soluções

Embora os desafios sejam enormes, algumas soluções podem ser implementadas para mitigar as desigualdades regionais no SUS:

1. Fortalecimento da telemedicina: Ampliar o uso de tecnologias para conectar pacientes de regiões remotas a especialistas.

2. Melhor distribuição e fiscalização de recursos: Implementar critérios mais justos para alocação de verbas, priorizando regiões com maior deficiência de atendimento.

3. Capacitação de profissionais locais: Investir em programas que fixem profissionais de saúde em áreas menos favorecidas.

4. Integração de redes regionais: Estabelecer parcerias entre municípios para compartilhar recursos e reduzir filas de espera.

O Papel da Sociedade

É fundamental que a sociedade civil e os meios de comunicação cobrem melhorias e transparência na gestão do SUS. O exemplo de São Paulo mostra que é possível oferecer atendimento público de qualidade, mas isso precisa ser uma realidade para todos os brasileiros, não apenas para quem tem acesso aos grandes centros urbanos.

Convite para o Próximo Artigo

No próximo episódio desta série, exploraremos como o racismo estrutural afeta o acesso à saúde pública no Brasil. Vamos discutir casos reais, preconceitos no atendimento e como podemos combater essas práticas.

Não perca!