A nova dinâmica de poder entre os EUA e a Rússia redefine os rumos da segurança global e o futuro da Ucrânia.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em 2022, os Estados Unidos se comprometeram com o princípio de "Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia". No entanto, essa postura parece estar mudando. O foco agora está na relação entre Donald Trump e Vladimir Putin, com os Estados Unidos deixando de lado o compromisso de garantir a segurança da Ucrânia e da Europa. O Telegraph escreve sobre isso.
Após uma conversa com Putin, Trump afirmou que ambos haviam concordado em "iniciar imediatamente as negociações". Caso essas negociações aconteçam, isso poderia significar uma vitória significativa para os interesses de Putin.
O presidente russo sempre acreditou que apenas as grandes potências, que têm a capacidade de decidir o destino dos outros, podem ser verdadeiramente soberanas. Seu desejo era colocar a Rússia entre essas potências, ao lado dos Estados Unidos e da China, como atores principais no palco mundial. Para isso, ele sempre planejou discutir o futuro da Ucrânia diretamente com Washington, e não com Kiev. No entanto, vale ressaltar que uma vitória pessoal para Putin não representa necessariamente uma vitória militar na guerra, embora seja de grande importância para ele.
Durante a reunião de Ramstein, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, compartilhou a posição de Trump sobre a Ucrânia: os territórios tomados pela Rússia não serão devolvidos à Ucrânia, Kiev não será admitida na OTAN e não receberá garantias de segurança sob o artigo 5º da Aliança. Além disso, os Estados Unidos não têm planos de enviar tropas para uma missão de paz. Tal acordo significaria uma recompensa para a Rússia por "terras roubadas" e tornaria a Ucrânia vulnerável a novos ataques.
Ainda assim, Hegseth sugeriu que garantias de segurança fossem oferecidas para evitar uma nova invasão. Caso a Ucrânia consiga manter o controle sobre suas principais cidades e continuar livre e próspera, isso será considerado uma vitória para os ucranianos, embora a um custo elevado.
No entanto, Trump deixou claro que os Estados Unidos não têm interesse em garantir a segurança da Ucrânia ou da Europa. A partir deste momento, a paz dependerá principalmente das ações da Europa, em especial do Reino Unido. Isso implica que a Europa precisará investir em suas próprias forças armadas para prevenir futuros ataques da Rússia, não apenas à Ucrânia, mas também à parte europeia da OTAN.
Atualmente, a Ucrânia conta com um dos exércitos mais poderosos e bem preparados da Europa. Se o Reino Unido e outros aliados cumprirem suas promessas, terão a capacidade de fornecer proteção confiável ao continente, do Mar Negro ao Mar de Barents, e de Kharkiv até a Irlanda.
A alternativa, por sua vez, é sombria: em alguns anos, Putin poderia retornar à Ucrânia, tomar Kharkiv e Kiev, e então invadir um país da OTAN, acreditando que a Aliança não tomaria medidas de defesa coletiva.