Apesar da paixão pelos bichos, a sobrecarga emocional e o isolamento não desaparecem sozinhos.
Quando Robbys, um programador de Araraquara, encontrou um pequeno cão abandonado nas ruas, não imaginava que o resgate de um animalzinho seria também o ponto de partida para o resgate de uma história ainda mais profunda. Levado a um veterinário local, o cachorrinho — um vira-lata chipado e bem cuidado — recebeu cuidados e atenção. Mas, durante a conversa, Robbys falou que seu pai era editor de um veículo jornalistico e que recentemente publicou uma materia preocupante - o crescimento do índice de suicídios de profissionais de saúde veterinária. O jovem médico então fez uma revelação inesperada e acendeu o alerta: "Veterinários têm acesso livre a drogas, e isso tem levado muitos ao suicídio."
A frase, dita com serenidade e pesar, não é isolada. Estudos internacionais e levantamentos de conselhos de classe apontam que os veterinários estão entre os profissionais com maior risco de depressão e suicídio. A rotina intensa, o peso emocional de lidar com a dor animal, a impotência diante de certas situações e o fácil acesso a substâncias letais são apenas algumas das causas.
Este artigo inaugura uma série de reportagens e depoimentos reais sobre o tema. E começa com a história de um cão salvo por um jovem programador e de um veterinário disposto a quebrar o silêncio.